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Black side of force


Em Julho de 1994, fui chamado ás pressas por Masato Mihara e Kazunori Yoshioka para uma missão da qual imaginava ter-me aposentado. Em pleno verão nipônico, teria de recepcionar e acompanhar o então presidente da OAB, Dr. José Roberto Batocchio e sua esposa, por Hiroshima, Nagasaki, Kyoto e Osaka.
Tentei passar a bola para frente, afinal tinha a Isabel Rieko Nishimura e seu esposo, Kiyoshi Nishimura.
Que nada,  acompanhá-los foi indicação de meu pai.
Recepçionamos o casal e nos dirigimos ao Hotel Imperial palace, em frente ao jardim do Imperador. Eles como hóspedes e eu como acompanhante e tradutor simultâneo
A primeira impressão foi boa e conhecê-lo, melhor ainda.
O doutor Batocchio queria conhecer o metrô de Osaka e caminhar pelos corredores onde Andy Garcia foi decapitado no filme Black Rain. Nada mal, porque o metrô tem ar condicionado.
Andar a tarde pelos arredores de Osaka visitando castelos acabou comigo. Odeio calor. Mas Doutor Batocchio e senhora nem ligavam para o calor. O suor se transformava em sal nas costas do ilustre advogado, tamanho a força do inferno chamado de verão.
Nessa mesma noite, fomos jantar no restaurante do Hotel. Lindo restaurante com enorme aquário cheio de peixes para o sashimi (Sushi-bar de ricos... Pega-se o peixe na hora...)O Doutor não queria comer sashimi nem sushi, e expliquei ao chef de que se tratava de um diplomata brasileiro. Então ele nos recomendou camarão na chapa ao molho. Pegou uns 3 ou 4 camarões vivos e soltou-os sobre a chapa quente. Na mão direita uma faca mais conhecida como deba-routyou e na esquerda uma espátula. Foi rápido demais e não vi nada (Tradutor simuiltâneo tem disso.)
Então o Doutor José Roberto Batocchio se levantou, apaludiu e elogiou numa frase universal: "BRAVO!"
O restaurante parou. A japonesada grã-fina  parou de comer.
O chef ficou catatônico, assim que caiu em si, limpou as mãos, prestou reverências e correu para a cozinha...Foi chorar com certeza.
Os ajudantes trouxeram os pratos. Pratos que eu não tinha solicitado para os dois. Fiquei preocupado e reclamei que não eram do nosso pedido. Os ajudantes respondiam em inglês ajaponesado o-na sa-bissu
(owner service), cortesia da casa.
Já acompanhei um número incalculável de gente metida por aí afora, e o casal Batocchio me fez acreditar que existia sangue azul no Brasil. Só pode ter nascido em berço de ouro, eu pensava.
Seguimos viagem e em Yokohama, os dois foram atendidos pelo casal Nishimura.
Os anos se passaram. Voltei para o Brasil e li em um jornal que era presidente do PDT.
Os anos se passaram novamente. Voltei para o Brasil de vez, e li uma matéria de um repórter chamando-o de advogado de políticos-bandidos. Parece que defendendo Palocci, contra o caseiro.
Não vou tecer comentários sobre o personagem do advogado criminalista, afinal o homem é extraordinário.

Jurisprudência, para quem não sabe, tem uma lei universal que diz que em caso de dúvidas, não se pode condenar nenhum réu. Inocente é. Se o maior advogado criminalista do país consegue por a corte em dúvida, que o povinho aprenda uma lição. Que se crie um promotor á altura, ou que o povo solicite do governo, que o Doutor Luke Batocchio Skywalker volte para o lado bom da força.
Esse homem devia representar o Brasil lá fora, como embaixador, ou, como ministro das relações exteriores.
Mas os nefastos do Império, preferem tê-lo do lado negro da força.

17 anos após o jantar em Osaka, é a minha vez de me levantar e bater palmas para o Senhor Doutor José Roberto Batocchio.

BRAVO!!!!

Tem jeito?

Comentários

  1. Você bate referências para o Advogado de Paulo Maluf, Antônio Palocci e Joselyr Silvestre? É bom que os "Honoráveis Criminosos" desse país tem a quem olhe por eles e pode ter certeza que não é deus.

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  2. DEIXA DE SER INVEJOSO E DESPEITADO, O MÊU!

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  3. Apesar do caminho escolhido, observei o profissional disciplinado e dedicado, que pleiteava a embaixada do Brasil em Portugal...

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