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BALTIMORE PÕE FIM A UMA RIXA DE 160 ANOS


Graham tinha uma editora de sucesso, mas cansado de ver tantas irregularidades na personalidade de Allan, seu melhor jornalista e editor, contratou Griswold, um jovem antologista mais moderado para ocupar a cadeira que até então pertencia a Allan, com um salário superior.
Allan por sua vez, dominado pelos problemas particulares que o consumiam, procurava a fuga cada vez mais no álcool e no ópio, e já se apresentava sombrio e gótico igualzinho aos seus personagens de terror. Além de sofrer com a incompreensão de seu chefe, indiferente aos problemas financeiros e com a esposa atacada pela tuberculose, não suportou ver aquele jovem ocupando sua mesa e cadeira, deixou a redação sem palavras. Mesmo assim, continuava a colaborar com a editora de Grahan e fez uma menção a Griswold em um de seus contos, intitulado "O Anjo do estranho"
Griswold por sua vez, via em Allan uma má companhia cheia de vícios e defeitos. Uma personificação do mal. O mal que ele jamais teria. Nem nas profundezas do seu ser, Griswold jamais sentia pena do seu antecessor. Esse desprezo o levou a atacar o seu rival sómente quando este se mostrava na "posição de prona". Enquanto Allan caía cada vez mais no desespero da alma humana, maior o desprezo que sentia. Esse desprezo não durou apenas meses. Foram 8 anos de campanha para prejudicar a sua reputação, até que este fosse encontrado semi-morto em uma taverna cheio de ópio e álcool, delirando e chamando por "Reynolds", o "amigo" que o levou a trilhar por esse caminho sem volta, mas que o entendia ou o atendia muito bem em sua necessidade de obter uma válvula de escape para seus tormentos. Dois dias depois, Griswold usou o pseudônimo de Ludwig para publicar na Tribuna de Nova York um obituário da morte de Allan. Crítico, cínico em suas palavras, anunciou a morte do seu rival como uma perda que não faria falta a ninguém. Chamou o morto de executor da literatura americana.
E por muito tempo, teceu comentários maldosos sobre a vida de Allan. Sabia dele mais do que de si mesmo. Conhecia todas as suas obras mais do que as suas próprias publicações.
Afinal, Allan morreu louco, na miséria e com uma mancha em sua reputação impetrada por Griswold que durou mais de 160 anos. Graças a essa má reputação, apenas 10 pessoas foram ao seu funeral.

Edgar Allan Poe entrou para a história como o pai dos contos policiais e de terror. A cidade de Baltimore reparou o erro de tantos anos e prestou homenagem a ele realizando um novo funeral.
Rufus Wilmot Griswold também entrou para a história, mas de uma maneira que ninguém jamais gostaria de ser lembrado...


Homenagem para as 10 pessoas que compareceram ao enterro do Poe em 1849.
Amigos de verdade são para toda a eternidade...

Comentários

  1. Hei deu no estadão ontem e eu pensei que era palhaçada fazer funeral de morto com boneco de cera. Mas tava equivocada pacas.
    Agora entendi a historinha todinha
    vlw e se cuidaaaaa bjs

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  2. Muito interessante. Legal! Parabéns!

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