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A maior riqueza de um povo é a sua história

Meu pai, um grande e nobre cavalheiro antes de morrer me deu como tarefa de vida, completar uma parte da história da colônia japonesa no Brasil. Disse-me no leito da UTI na Beneficiência Portuguesa:
"-A verdadeira riqueza de um povo é a sua história"
Passados mais de 10 anos de sua morte, descubro que é uma grande verdade. Nesses 10 anos, obtive fotos, traduzi inúmeras páginas de textos e descubro a verdadeira história da colônia japonesa, com muita decepção. Se a grande maioria de filhos e netos de japoneses não dominam o idioma como os netos de alemães e Italianos, a culpa não é só de Getúlio Vargas, que proibiu atividades culturais e educacionais dos países do Eixo Alemanha-Italia-Japão (Segunda Guerra Mundial), nem do governo japonês que simplesmente abandonou os imigrantes japoneses nesta terra. Entendo o porquê de Fernando Morais sofrer críticas da colônia por ocasião do lançamento de seu livro "Corações Sujos"
Ah o que falar dessa colônia tão decadente e tão estúpida em seu conservadorismo arrogante, que diz ao brasileiro que ele não pode usar o Kanji no seu nome com a desculpa de que o kanji é só para o nome de japonês? E o Chinês usa o quê então? E cadê o direito que nós brasileiros (porque EU SOU BRASILEIRO com feições orientais) temos em adotar o "kanji no atê-ji" ou seja, atribuir kanji para letras (veja link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ateji )

Os primeiros japoneses a pisar em solo Brasileiro, não foram socorridos pela marinha Russa. Isto é fato. Ficaram a deriva por anos até desembarcarem nas proximidades de Kamtchaka, aonde foram apresentados aos Russos e levados a St.Petersburgo. Dos sobreviventes sómente 4, liderados por Tsudayu (pescador ignorante e analfabeto, mas de grande convicção) desejaram voltar ao Japão e embarcaram no navio Nadezhda junto com o lendário Rezanov (Mais tarde postarei aqui a volta ao mundo desses 4 japoneses com a maior e mais linda história de amor vivida por Nikolai Petrovich Rezanov e Concepcion Arguello em 1791, que virou show nos E.U.A.
Se não fosse pela morte prematura do lendário Nicolai, hoje o mundo teria outra face. Nós também não veríamos o show "Viva Concha! the rose of presidio" anualmente na Califórnia.

Ou alguém da colônia se lembra da  História divertida mas melancólica de Manji Takeda, o samurai-palhaço que veio ao Brasil para ensinar educação física na corte de Pedro II e que após a proclamação da república, ficou desempregado e voltou a trabalhar na arte circense, mudando-se para a Argentina e fundando o Circo Imperial Japonês? Vou postar aqui mais tarde (Talvez, porque tudo o que meu pai me deixou, vou deixar para meu filho decidir o que fará...)

Não sei o porquê, mas acabei batizando esse trabalho de "O Livro amarelo" e na metade do caminho, perdi o tesão pela pesquisa do navio Wakamiya-maru e optei por embarcar no navio "Nadezhda" e "Neva" junto com o lendário Nikolai Rezanov. Tinha muito mais romance e aventura, apesar do final triste.
Coisas do Keizo...

O conteúdo do livro Amarelo? Coisas de gente que não tá nem aí para as suas origens. Coisas de brasileiros com feições orientais, que só são descendentes de japoneses quando necessitam de visto para poderem ir trabalhar naquele país.
Coisas de Gaijins...

Ah para atualizar a história contemporânea, o pai da inversão Brasil-Japão é Tsuneo Mihara. Tem uma foto dele perambulando por aí  com o então governador de S.Paulo  Jose Ma. Marin, acho quem em 1984. Na época em que as viagens internacionais eram taxadas em 25% com o imposto dos supérfluos, esse japonês veio ao Brasil para tentar junto ao governo do estado, financiar a viagem dos brasileiros ao Japão. O proprietário dessa foto é um filadaputa que não tá nem aí para a história do seu povo e exige uma compensação financeira. Mas querem saber? Tá certo ele! Eu é que sou besta de desperdiçar tempo e parte da minha vida cavando relíquias históricas.
Coisas de Gaijins...

Aí gente, deixa minha mãe fora disso...As vezes a gente precisa desabafar... Rs

Comentários

  1. Que texto bacana! Eu comecei com isso ref. aos meu pai e avós (croatas), mas parei. Vamos ver se tenho essa disciplina para recomeçar.

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